quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Música para Acompanhar a Semana e o Post Anterior



Dormi duas horas nas últimas 48 - vamos torcer pra eu chegar aos 29 amanhã! hehe!
Estou incrivelmente bem humorada apesar disso.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Retorno de Saturno

Eu andei longe do blog e de várias outras coisas que me dão prazer.
Então, aproveitando que hoje eu falei com tanta gente legal q eu tenho saudade e o Sam I Am, querido, me perguntou por que eu tinha desistido do blog, e sexta-feira agora, Saturno volta pra sua casa e quem sabe eu volto a ter paz, vamos lá:

Eu ando fugindo de umas coisinhas que andam me rondando, já faz algum tempo. E aí pra escrever a gente pensa na vida e eu não andava podendo pensar na vida, então parei de escrever.

Eu ando brigando com um troço chamado depressão desde o ano que a Larissa foi embora da república pra França, eu não me ligo em números então não sei bem que ano foi. Acho que isso foi uma das coisas mais horríveis que me aconteceu e foi um pouco depois da morte da minha prima Alessandra, que foi definitivamente a pior coisa que já aconteceu a mim e a família Lacerda como um todo. É engraçado eu já perdi meu avô (que deve disputar com meu pai, o lugar de amor da minha vida), já perdi namorados, mas acho que foi me separar de duas das grandes figuras femininas importantes da vida o que abriu um buraco no meu coração, naquele ano, e não fechou mais. As coisas meio chatas e meio complicadas que me aconteceram de lá pra cá arranjaram um lugar pra morar. E acho que essa é a definição de depressão, a tristeza arranja esconderijo em vc. E, às vezes, nem vc percebe.

Isso me faz pensar, a presença feminina é de outra ordem. Meu pai, meu avô são homens, com homem é galanteio, são momentos específicos que fazemos parte da vida deles e eles da nossa. Mulher é diferente. Presença feminina, tipo mãe, é coisa de todo dia, de ouvir, socorrer e brigar e saber como vc está de olhar na sua cara. Funciona assim com minhas amigas, primas, mãe e irmã. Quando vc perde um homem, vc sente falta em determinados momentos, quando uma presença feminina se vai a gente nota todo dia.

Enfim, eu odeio assumir a possibilidade de ter depressão porque eu sempre achei uma puta viadagem , coisa de quem não tem nada pra fazer. Obviamente, eu andei me entupindo de coisa pra fazer tipo dois empregos e o mestrado e quando o mestrado acabou eu tirei férias e adivinha só? Eu descobri mesmo que tristeza pode ser doença. Eu tinha o costume de mandar minhas amigas que vinham de lenga-lenga irem cortar cana. Acho que cortando cana, na rua, na chuva ou na fazenda a gente vai com os machucados e as cicatrizes.

Bom, eu ando com uma preguiça monstruosa e eu não sou assim. Agora o mais interessante é que eu ando com uma preguiça absurda de gente. Meu Deus. Eu conheço pouca gente com quem eu gosto de falar e elas estão em outro canto. Vivendo outras coisas. Na maioria das vezes, conversar me é doloroso. Cansativo. Eu não gosto mesmo de gente. Meus amigos sabem que eu prefiro o Manoel ao meu vizinho e a muita gente. O negócio é que isso não anda ajudando e trabalhar em casa muito menos.

Meu irmão do coração, Ruyzitos, que está sempre ao redor de mim daquele jeito silencioso e ao mesmo tempo barulhento porque ele é grandão e tem a respiração pesada e é cantarolengo também. Enfim, deixa essa frase aí, preciso de outra. Ele uma vez me falou pra escrever as imagens horrorosas que, ás vezes, me vinham à cabeça. E foi assim que o Paulo Cabeça Torta surgiu - meu personagem que eu tento escrever a tanto tempo. Eu lembro que uma das metas bobas de 2010 era terminar essa estória. Então, eu vou sempre escrever um pouquinho, todo dia. Porque eu não consigo acreditar em Terapia e olha que minha mãe é terapeuta especialista em Jung. Tem gente que acredita em Deus, tem gente que acredita em Freud e tem gente que acredita em Jung. Eu juro que vi com esses meus olhos que há gente que acredita em Lacan e na Eni Orlandi. Eu, por minha vez, não acredito em Terapia, sou mais Deus e a Eni. Não necessariamente nessa ordem. Ha! Bazinga!

A digressão “Ruyzitos, Cabeça Torta e Terapia” tinha um propósito. Eu descobri que trabalhar muito não sara tristeza, ficar dias na cama também não. Então eu vou escrever. Toda vez que eu imaginava uma coisa feia acontecendo comigo enquanto morava em São Paulo (foi a época que o Ruy me falou aquilo) eu escrevia e o medo passava. Deve ser o mesmo princípio para tristeza. Eu acho que escrever as tristezas dá sentido pra elas. É tudo energia e tem uma função, me parece.

Então hoje eu vou contar uma coisa triste. Eu vou contar porque eu nunca me matei. É uma história, foi um dia que eu encontrei com o Agilulfo, o cavaleiro inexistente do Calvino:
Suicídio sempre foi uma ideia encantadora sob meu ponto de vista. Eu tenho uma coisa com conforto. Eu acredito, por exemplo, que se vc está desconfortável em um lugar e com uma roupa, vc tem o direito de sair ou tirar a roupa.
Eu desde que me lembro, às vezes, me sinto desconfortável na minha pele e na minha vida. Eu nunca fiz nenhuma bobagem dessa natureza porque eu cresci num lar espírita e o que eu aprendia em casa e que se aqui está desconfortável, pros suicidas lá do outro lado, está bem pior. Depois estudando mais a doutrina, aprendi que, na verdade, na hora da morte ng está sozinho. Sempre tem uma alma boa pra te socorrer se vc estiver a fim, o foda do suicídio é vc com sua consciência depois. Mas, eu pensava crise consciência por crise de consciência eu posso ter em qualquer canto.

A questão é morrer depois ter vivido e criado vínculos é muito complicado, muito difícil. Pode dar trabalho, gastar tempo, pode até doer (eu sou contra dor). Se vc morre com 29 arrasa todo mundo, é um saco, até meu vizinho que me odeia diria “puxa, uma moça tão nova”.

O bom mesmo era não existir.
Quando eu era criança, às vezes eu acordava com uma sensação estranha de não existir. Aí eu esperava um pouquinho, e se fosse dia de semana vinha minha mãe me chamar, se fosse final de semana, meu pai. Quem existe é sempre lembrado, e lembra. E eu lembro, logo existo.

Vou copiar o trecho do livro do Calvino que me convenceu a existir:

"Na hora do alvorecer Agilulfo precisava dedicar-se a algum exercício de precisão (...) É a hora em que as coisas perdem a consistência de sombra que as acompanhou durante a noite, e readquirem pouco a pouco as cores, mas nesse meio tempo atravessam uma espécie de limbo incerto, somente tocado e quase envolto em halo pela luz: a hora em que se tem menos certeza da existência do mundo"

E:

“Também a existir se aprende”.

O Agilulfo me ensinou que a gente toma a decisão de existir e é um exercício diário. E é opcional também, mas depois de tomada a decisão, já era, aliás, já é, já existe.

Minha mãe me conta que quando eu nasci o médico me colocou nos braços dela e ela me deu beijo na testa, eu aposto que eu decidi existir ali. Imagina, depois do medão que deve ter sido mudar de ambiente e plano, o quão confortável não tava aquele colo. Eu preciso só de um exercício de exatidão nas horas mais escuras de incerteza. ;)



terça-feira, 4 de maio de 2010

Desencontro

Ao Will

William era um menino que colecionava pedras
e não sabia nadar
Vivia caçando-as e guardando-as nos bolsos
Num avoamento e avidez sem fim
Nada o fazia parar
Olha só que ironia
Naqueles arredores mesmo
Havia uma menina sem medo de água fria
que colecionava cantos de passarinhos
Num avoamento sem fim e sem muito considerar
Respondeu ao William que pedras havia muitas no fundo do mar
E sem perceber e sem querer e sem ver
Deixou-o se afogar

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Tarde com Manoel de Barros e uma velha história

"A gente gostava das palavras quando elas perturbavam o sentido normal das ideias.
Porque a gente também sabia que só os absurdos enriquecem a poesia"

Faz dois dias que ninguém me manda trabalho. Estou ficando incomodada e tensa, mas tenho aproveitado para fazer outras coisas: ler, escrever e ouvir música. Eu comprei esse livro novo do Manoel de Barros, Menino do Mato, e passei a tarde com ele.
Esse aí em cima é o trecho do primeiro poema do livro.
Só os absurdos enriquecem e conhecem a poesia. Eu tenho uma lista de palavras preferidas e acabei de colocar absurdo na lista. Só gente absurda gosta de poesia. É uma puta palavra massa. Quem já viu absurdo numa sentença muito grande? É difícil. Absurdo é aquela palavra que é espaçosa, espalhosa e completa. "É um absurdo!" ou "Absurdo!" já são plenas de significado. Eu adoro absurdo, absurdo é a definição de tudo que não pode ser. O que é mais emocionante do que tudo que não pode ser? Adoro! Adoro absurdidade e absurdação. O mundo ia ser mais massa se estivesse do avesso.
Enfim, segue minha lista de palavras preferidas: oceano é a primeira, eu acho oceano uma palavra aberta e arreganhada e, depois do Djavan, meio alaranjada. Eu gosto quando palavra abre. Saudade: é sonora e carregada. Não dá pra dizer de outra forma e é meio salgadinha e azul de chorosa que é. Gosto também. Adoro drama.
Vou deixar em homenagem ao Manoel Poeta (que deu reformou o nome do meu Manoel Cachorro - só quem sabe o quanto amo meu cachorro pra entender) a primeira coisa que escrevi quando fechei a Gramática Expositiva do Chão, em 2002:
O cupim é a espinha na cara do pasto.
Eu estava voltando de Campinas para Araçatuba e já estava chegando às terras quentes do noroeste do estado, com muito pasto e muita cana.


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A Dirsse


Minha filhinha, manquinha, caolha e meio torta, mas é minha!

domingo, 17 de janeiro de 2010

Aleatório - metas de ano novo.

Acabei de sair do blog novo do Jeff, que está massa demais!
E lá, na casa nova do Jeff, estava rolando um som do Cohen. E eu me lembrei de uma porção de coisas, uma delas é que homem bom sabe bem o que dizer (sobre a canção a I'm you man). Dois que eu tinha uns planos quando era mais nova. Eu queria ler uma coisa nova e escutar uma coisa nova sempre, acho que minha organização temporal dizia, na época, a cada mês, sei lá.
Enfim, a minha organização temporal não mudou e eu continuo planejando e não cumprindo.
Como dizia aquela poetisa marginal e pscinalista renomada, o tempo anda me comendo.
E continuo me recusando a virar de frente pra ele, porque eu quero fazer tudo e ele vai dizer na minha cara que tudo não cabe nele nem em mim.
De qualquer forma, vou registrar as metas de 2010 para pelo menos poder chorar sobre elas em 2011: primeiro, eu vou terminar uma estória. Meu plano era ser escritora, pow! Se ficar ruim, se der errado, pelo menos eu terminei alguma coisa nessa vida.
Segundo, eu vou arrumar meus idiomas quebrados, o alemão e o inglês. Tanto tempo estudando e eles estão aqui jogados e empoeirados na minha cabeça, logo não vão prestar mais pra nada.
Terceiro, aprender um troço dificil, estou entre cálculo e chinês. Muito provavelmente vai ser chinês.
Quarto. Voltar a batucar, retomar a bateria e aprender pandeiro.
Quinto. Plantar ou me mudar pra onde tenha uma árvore, porque Will e eu queremos que os pequenos (planos pros próximos anos) brinquem em uma casa na árvore.
E acho que 2010 está bem cheio já.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Rita

a minha cabeça é o lugar mais desconfotável para se estar no mundo.
um que dói: de enxaqueca, de sinute, de atm, de ressaca e por ser torta.
acho que a tortice dela entorta todos os outros pensamentos.
e eu não tenho foco. nem direção.
o esforço natural para endireitar é cansativo. o mais simples: tem tarja preta e sobe a pressão.
todo mundo é contra, pq os queridos me amam tortinha e perdida.
é porque ninguém está na minha cabeça.
ser reto pode ser chato, mas há de ser menos dolorido e desconfortável.