segunda-feira, 24 de novembro de 2008

traduzindo e lendo por prazer (e por amor - ora, por que não?)

"esse seu olhar sagaz me desdobra facilmente
pensei que me tivesse fechado como os dedos de um punho, apertados
e, ainda, e sempre você me abre
pétala a pétala como a primavera o faz
(tão destra e delicadamente) com sua primeira rosa

(...)

(eu não sei bem o que você tem que me abre e me fecha
só alguma coisa dentro de mim compreende
a voz dos seus olhos mais profunda que as rosas)

ninguém e nada, nem mesmo a chuva
tem mãos tão pequenas"

terça-feira, 18 de novembro de 2008

.ciúme.

no ápice do meu cansaço emocional
e impaciência.
eu ando dispensando o decoro.
e pensando em violência.

ai, eu disse: AI!
do/a próximo/a vagabundo/a que pisar no meu calo.

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!


Sábio Mário Quintana introduzido ao meu momento de como fazer galos e galinhas voarem.
Ou explodirem. E por que não? Esse blog é meu porra.

.pensamento.

eu não dou conta de ter pensamentos felizes.
eu sou pessimista e, como tal, espero o pior.
enquanto o pior não chega
vou fazendo o melhor do meter os pés pelas mãos.

uma beleza.

dúvida? nenhuma

eu não duvido não.
eu sei já.

mas quem foi que disse que saber traz qualquer milésimo de tranquilidade?

amo? amo.
quero? uh!
vou me foder? óbvio.

a vida é assim.

.acontecimento.

quando uma coisa acontece uma vez
e você deixa passar
e na segunda vez
e você deixa passar
e na trigésima sétima
você deixa passar

se torna padrão.
a vida é assim.

sabe o que uma moça como eu faz nessas situações?
dança conforme a música
ou sai do baile.

domingo, 2 de novembro de 2008

Uma descoberta tardia sobre esforço, preguiça e conforto

Nós, provavelmente por influência da cultura católica/cristão com raízes mais profundas do que se imagina, temos a impressão de que seremos reconhecidos ou recompensados ou, ainda, amados devido ao esforço que empregamos nas coisas.
É uma tremenda bobagem e tem me feito sofrer muito, toda a vida.
Toda a vez, em qualquer relação, que a gente se esforça demais, a outra parte se vê em uma posição extremamente confortável e, consequentemente, deixa de se esforçar.
Na verdade esforço demais atrai preguiça e desvalorização. Se se está em uma posição confortável, para que caralho se incomodar?
Isso serve pra tudo.
Não espere ao fazer o seu trabalho bem feito, assumir mais funções e ser super produtivo e competente, que se chefe aumente o seu salário ou lhe dê os parabéns. Ele vai lhe atribuir mais funções e exigir mais de você.
Eu sempre fui muito esforçada, pode ser porque eu nunca fui muito esperta, pode ser porque eu fui criada cristã. Eu não sei ao certo.
Sempre estudando muito e trabalhando desde cedo e me virando sozinha. A minha família tem um puta orgulho e uma despreocupação tremenda. Beira o relaxo.
Eu lembro que quando eu cheguei de uma viagem longa, operada da apendicite (foi um urgência, eu estava na puta que o pariu) ninguém apareceu para me buscar no aeroporto. Afinal, pra que se preocupar, eu me viro. Lembro de chegar no meu quarto, imundo, e ter de dar uma limpada nele com os pontos na barriga, porque ficar espirrando doía muito mais. Meu companheiro daquela época foi viajar para visitar a família e não estava minimamente preocupado, afinal eu me viro.
Meu pai, que é minha maior paixão, é o cara que eu sempre quis mais impressionar. E provavelmente o mais, o mais, confortavelmente, relaxado.
A última dele, me fez chorar como criança e tentar cumprir prazos absurdos impostos pelo meu antigo chefe com uma puta decepção enchendo meu coração de porrada.
Eu cumpri meus prazos, porque eu me viro.
Hoje, fazendo um processo de seleção super foda, que eu preciso. Eu tentei me concentrar na prova, com força. E entre uma linha e outra, me vinha na cabeça a imagem do cara que eu mais gostei até hoje se deixando beijar por outra mulher. Eu deixei ele bem confortável, aparentemente, a tal mulher também. Bobas que somos.
Eu li por volta de 70 páginas respondendo a 40 fichas, com o ciúme mordendo, destroçando meu coração. Talvez, eu até seja selecionada. Mas, hoje, eu me dei o direito de falhar.
E estou pensando em desistir da característica que minha família e companheiros de trabalho sempre elogiaram mais, meu esforço. Ou dirigi-lo a outras coisas que façam a mim e alguém feliz, pelo menos.
Porque, aparentemente, até agora só Deus para reconhecer e eu até considerei ir ter com ele logo, mas eu tenho alguns compromissos e prazos para cumprir. (E um bebêzinho lindo que vai nascer pra conhecer, né Dan? :).
E até aqui, sem pular de edíficio nenhum, sem desistir de existir (porque eu sou sensível feito bolha de sabão, sem casca ou proteção nenhuma mesmo e existir me faz sofre muito). Eu acho que deve ter sido o suficiente para Deus me dar pelo menos um alívio.
Eu estou cansada, fisicamente, mentalmente e emocionalmente.
O sentimento das pessoas é muito leve e eu sou muito pesada. Eu fico me esforçando para ter validação, importância e qualquer retorninho que for. Mas, aparentemente, a trajetória de pessoas esforçadas e competentes (para puta que pariu com a modéstia) é bem solitária mesmo.
Quando eu parar de prover o conforto a todos que me deixam tão desconfortável nessa minha pele e existência, eles, simplesmente, vão transferir seus sentimentos leves e relapsos a outro bobo esforçado.

sábado, 1 de novembro de 2008

viva a infidelidade poética
e a
fidelidade etilíca

afinal, nos versos
e sob efeito de álcool

ng pode me recriminar
por uma abrida ou cruzada de pernas

das coisas que eu mais quero agora

eu queria muito o poema do manoel de barros, aquele da fase jovem, sobre vingança e automóvel
eu queria aquele sobre a água, também:
por mim passavas
água mais pura
e eu sofri sede

eu queria escrever dois versinhos:
todo mundo que eu dou de querer
sempre tem coisa ou alguém melhor pra fazer
(esse fica mais massa em inglês e eu pensei nele a primeira vez pq o Gregor Samsa, barata do caralho, me deu um puta bolo)
everyone i happen to want
got something better
or someone else to do

eu acho que eu perdi o Sílvio quando disse a ele que nenhum dos caras que já estiveram comigo me mereciam
eu queria que ele lesse e soubesse
que,
na verdade,
eu não sou o suficiente pra ninguém.

a gente às vezes se engana.